Foto de comida é para quem come com os olhos. E quem não come?

Quando Sergei e eu viajamos e queremos encontrar um lugar para comer, a tomada de decisão advém da seguinte técnica: usar o Google Maps para ver os restaurantes existentes na região e aplicar os filtros que exibem apenas os restaurantes abertos e listados do mais ou menos próximo - na hora da fome não dá para queimar caloria buscando restaurante que fica muito distante. Nem importa muito o tipo de cozinha, gostamos de manter o leque de opções bem aberto. A nota (ou rating) do restaurante também conta. Se a escala é de 1 a 5 estrelinhas, acima de 3 é o preferencial.

Além disso, no Google Maps, também podemos ver os comentários deixados por outras pessoas que frequentaram o estabelecimento. Mas me pergunte se a gente se baseia nessas avaliações textuais para escolher “o restaurante” ou “o prato”? Claro… que não. O que a gente olha primeiro? Fotos! Lindas fotos! As fotos têm que ter o poder especial de acionar as glândulas produtoras de saliva e instigar a curiosidade de ir lá comer; ou algo específico, ou “qualquer prato” que eles sirvam!

Mas aí eu me pergunto: “tá certo isso?”. Nossa experiência aqui na Ucrânia me alertou ao impacto das fotos nas nossas decisões. Sergei e eu fomos a restaurantes incríveis onde, com o ângulo certo, até um picolé ficava “instagramável”. Postei dezenas de pratos lindíssimos que comemos aqui na Ucrânia (dá uma olhada abaixo). Eles não eram ruins não, longe disso. Mas quer saber a verdade? Com a exceção de um ou dois pratos (o Shashlik de um restaurante turco e uma salada com croutons e um molho especial de um restaurante sem nacionalidade rs), não teve nenhum prato, de nenhum restaurante chique ou humilde, que fosse tão saboroso quanto o simples, porém magnífico, ramen que comemos num minúsculo restaurante de Buenos Aires, em julho do ano passado.

Isso significa que não vale a pena escolher o prato com base nas fotos disponíveis? Não, pois há momentos em que elas ajudam MUITO. Por exemplo:

Situação 1: você sabe o que quer, mas qual parece mais apetitoso? Você pode gostar de algo aparentemente muito simples, como um spaghetti. Independentemente do restaurante que você visitar, a descrição de um spaghetti vai ser muito similar a de outros lugares. Então, como escolher qual restaurante será digno da sua visita? Aposto que se você tiver pelo menos duas fotos de spaghettis de restaurantes diferentes, ficará mais fácil tomar essa decisão rs.

Situação 2: você chega ao restaurante e o menu não tem ilustração NENHUMA! Alguém mais aqui se considera uma pessoa “super visual” na hora de escolher a comida? Eu sim. O restaurante pode até tentar “te vender o peixe” com uma “deliciosa porção de palavras, cobertas de termos crocantes e recheadas com adjetivos importados”, mas a descrição do prato acaba ficando com tanta cara de propaganda que a gente mal consegue levar à sério. Ah, mas se a foto do prato tiver “uma cara boa”… hmm, aí a gente dá uma chance.

Menu sem ilustração é ainda mais crítico quando a gente está no exterior, lidando com um idioma que a gente não conhece bem. Um menu em russo, para quem não fala o idioma, é sopa de letrinhas. E mesmo quando a gente pede o menu em inglês, acaba se deparando com um vocabulário totalmente novo - que só reforça que termos de cozinha não fazem parte do nosso avançado nível, e cotidiano, de inglês rs.

Receita da escolha: quando a gente quer sair para comer, a gente come com os olhos antes de chegar ao restaurante e, ao chegar, conferimos o menu: menu com foto significa “vou conseguir escolher o prato rapidamente e saciar minha fome em menos tempo”; já um menu sem foto significa “vou espiar as fotos no Google e nas redes sociais”... e possivelmente acabar escolhendo um prato que, apesar de ativar minhas glândulas salivares, pode ter sido alvo de severas críticas na avaliação de outros famintos” - mas isso eu nunca saberei porque não uso o Google Maps para ler as avaliações sobre pratos específicos.

#Ucrania #comida