Quem diria que ler ia dar nisso

Gosto de ler. Leio porque gosto e por necessidade também. O livro de finanças na estante? É necessidade. Aquele livro de crônicas? É puro prazer. Talvez, em razão de afinidade com o assunto e pela segurança emocional da leitura, me vejo sempre escolhendo livros do tipo “pé no chão”: um livro sobre investimentos, uma biografia ou algo didático sobre ciência ou comunicação.

Porém, quando estou disposta a me envolver emocionalmente e a ser cúmplice de outras vidas e narrativas, ah, aí eu vou para as crônicas, com certeza. Cronistas são envolventes. Aliás, esta semana, me envolvi com Martha. “Quem?”. Com Martha Medeiros. Todos os dias pela manhã, na sala, antes ou depois do café; mas sempre todo dia, sempre com Martha.

Martha foi, por uma semana, uma amigona. Sempre que nos encontrávamos, ela tinha uma novidade ou um segredo para contar! Geralmente Martha fala da vida, de si própria, das suas experiências e dos seus pontos de vista. Ela também fala bastante dos outros, das pessoas que conheceu, dos artistas que admira e dos lugares por onde viajou. Mas o que mais gosto na Martha, é do que ela faz com a gente, sem a gente notar.

Por exemplo, esses dias, enquanto Martha me contava sobre sua infância, acabei me lembrando da minha; dos meus tombos de bicicleta, da sensação de subir na árvore com os pés descalços e de tomar geladinho no verão.

Martha fala da vida dela e a gente se pega pensando na nossa. Ela tem esse efeito.

Meus encontros com Martha, em “Quem diria que viver ia dar nisso”, estão chegando ao fim e são cada vez mais curtos. A tenho lido menos, na esperança de prolongar os dias. Mas ler dá nisso, né Martha. A gente se entrega na leitura mesmo não sabendo onde ela vai nos levar, mesmo sabendo que uma dia ela vai acabar.

Ah, vem cá, Martha!

Livro Quem diria que viver ia dar nisso